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16 de nov. de 2011

Testemunho: A endometriose na minha vida.

Descobri que tinha endometriose aos 22 anos e confesso a vocês que senti um alívio enorme, lembro-me que o primeiro pensamento que veio a minha cabeça foi: “Graças a Deus, eu realmente estou doente!”
Não pensem que estava ficando doida, muito pelo contrário, na verdade estava constatando a minha lucidez. Vou explicar o porquê.
Menstruei aos treze anos e conheci uma companheira que iria me acompanhar por algum tempo, o seu nome era Cólica. Além disso, a famosa TPM também não me largou, grudou em mim como se fossemos amigas inseparáveis.
As pessoas, que conviviam comigo, reparavam a minha irritação e mau humor e às vezes chegavam a fazer comentários, o que é claro me deixava ainda mais irritada. Aliás, aproveito para deixar aqui minha dica: Nunca, jamais, digam a uma mulher com TPM que ela está com TPM, não sei o que acontece, mas essa frase tem grande poder de agravar ainda mais o nosso estado de ira e, consequentemente, haverá briga na certa.
Minha mãe, percebendo minha irritação e minha dor com as cólicas no período menstrual, me levou ao ginecologista. Ele por sua vez, pediu que eu tomasse um chazinho de camomila para relaxar, pois ainda era muito nova e teria muitas menstruações pela frente...
Entendi, então, que o período menstrual seria a minha sina e resolvi suportar a visita, ou melhor, a hospedagem de minha companheira Cólica por cinco dias ao mês. Afinal, todas nós mulheres, carregamos esse fardo. Mas, com o tempo sua companhia tornou-se indesejada, e acredite, ela começou a me visitar fora dos períodos menstruais, chegava sem avisar e instalava-se sem convite. Em pouco tempo ela veio para ficar e fez de mim sua morada.
Em 2002, depois de muito pedir ao médico, fiz minha primeira ultrassonografia pélvica, e segundo o resultado, estava tudo normal para a minha idade e fase do ciclo menstrual. Em 2006, repeti o exame a pedido do mesmo médico e, novamente, o resultado foi o mesmo.
As dores foram só piorando, além de minha companheira inseparável, a Cólica, passei a sentir fortes dores de cabeça, nas pernas, insuportáveis dores na coluna; na altura dos rins. E, estranhamente, tudo o que eu comia parecia me fazer mal, tinha desconforto abdominal, enjôos e náuseas. O cheiro do café, perfumes, xampus e cremes dentais me deixavam enojada.
Decidi, então, procurar médicos de outras especialidades. Realizei vários exames, como RX da coluna, ultrassonografia dos rins, etc. Mas, claro, estava tudo normal e os médicos não conseguiam descobrir o motivo de tantas dores. A única coisa que descobri era que estava com anemia, o que não me surpreendeu, pois eu havia emagrecido consideravelmente nos últimos meses. Um amigo chegou a dizer-me que eu estava como a “capa do Batman”, acreditam nisso?
Em 2008, fui trabalhar fora de minha cidade e lá as coisas se agravaram. As dores que eu já sentia, tornaram-se insuportáveis, passei a ter dores ao evacuar, minha perna direita parecia não me obedecer e tinha desmaios frequentes. Com isso, tomava analgésicos, de duas em duas horas, para aliviar as dores. Por indicação de uma amiga, resolvi marcar consulta com um ginecologista na cidade de Orlândia. Era minha última tentativa, eu já estava cansada de ir a tantos médicos e escutar que eu não tinha nada.
Comentei com meu marido, que na época era meu namorado, que se esse médico dissesse que eu não tinha nada ia procurar um hospital psiquiátrico ou um centro de macumba... Imaginem só o tamanho de meu desespero!
Mas, graças a Deus, na consulta o médico desconfiou logo que algo estava errado. Por isso, pediu uma ultrassonografia pélvica de emergência. Foi então que descobri que estava com dois tumores alojados nos ovários. Um de três centímetros de um lado e um de sete centímetros de outro. O médico, em sua infinita bondade e paciência, me alertou que poderia ser Endometriose, me explicou do que se tratava e disse que não havia outro tratamento naquele momento se não a cirurgia. Foi exatamente nesse momento que pensei na frase que escrevi no inicio desse relato... “Graças a Deus, eu realmente estou doente!”
Lembro-me que era uma sexta-feira, ele pediu para que eu fosse para a casa, conversasse com a minha família, pensasse se realmente gostaria de fazer a cirurgia com ele ou procurar a opinião de outro profissional. Não havia dúvida, eu não estava ali por acaso, já havia passado por várioooosss médicos e nada.... Com certeza ele faria minha cirurgia.
No domingo, minha companheira cólica parecia estar com muita raiva de mim, me fez sofrer muito, já não suportava mais a dor. Tudo em mim parecia doer, tudo me fazia passar mal. Então, meu pai decidiu ligar para o médico de Orlândia e pedir orientação sobre o que deveria ser feito. Ele pediu para que meu pai me levasse para Orlândia na segunda-feira cedo. E assim aconteceu, consultei as 10h00 e adivinha o que aconteceu depois? As 11h30 eu já estava no centro cirúrgico. Foi um susto para todos, inclusive para mim, mas foi na hora de Deus, por isso tudo deu certo.
Após uma semana recebi alta e voltei para Franca. Depois de um tempo chegou o resultado da biopsia, estava confirmada a Endometriose.
Começava agora o tratamento, ia a Orlândia uma vez ao mês (durante três meses) para tomar a famosa “Zoladex”. Foi bom acompanhar minha mãe na menopausa durante um tempo, com aqueles calorões!!!
Acabaram-se as dores, mandei minha companheira cólica para a China! E ela que não me apareça por aqui! Sei que não estou curada, já que a Endometriose é uma doença crônica, mas aprendi que é possível viver com ela normalmente. Sei que sempre haverá a luta, mas não desisto. De seis em seis meses repito os exames, todos os anos volto em Orlândia, pois ainda não encontrei um médico aqui na minha cidade que “trate de endometriose”. Hoje tomo pílula todos os dias sem intervalo para não menstruar, não sei quais minhas reais chances de engravidar. Mas vivo feliz e sem dores.